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terça-feira, 24 de julho de 2012


Às vezes penso que sou um buraco vazio, esquecido, perambulando no tempo, nessa vida estranha, nesse mundo confuso, preenchido com uma cor escura tendo somente nas bordas um chamuscado clarão, querendo ser luz ardente, talvez seja o reflexo de outras vidas, acredito que estas são verdadeiras e deveriam mesmo estar aqui. Mas eu, por mais que me esforce, mesmo ainda que outros anos venham, não consigo deixar de me ver e me sentir apenas como um buraco, cheio de sombra escura...

Privada de minha própria inocência... É como está esquecida e enterrada, mas a cova é meio rasa então arrasto-me para fora e livro-me de tal tormento, vejo que todos a minha volta estão a sorrir e assim tão natural sinto a beleza da vida penetrando em meus olhos e percebo um sorriso saltando dos meus lábios. Mas é apenas um devaneio, meu fracasso é um abraço que nunca acaba...

Um comentário:

  1. Bela postagem. Ela me lembrou um trecho de um Ode do Fernando Pessoa. Vem soleníssima,
    Soleníssima e cheia
    "De uma oculta vontade de soluçar,
    Talvez porque a alma é grande e a vida pequena,
    E todos os gestos não saem do nosso corpo,
    E só alcançamos onde o nosso braço chega,
    E só vemos até onde chega o nosso olhar." Parabéns pelo blog.

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