Páginas

domingo, 21 de outubro de 2012

Meu ser

Pensava que eu poderia ser o que eu quisesse,
mas a verdade é que eu não consigo ser nada,
droga nenhuma...
Vês aquele ponto marrom esperando fechar o sinal?
Aquele parecendo um bolo de carne
-não aquele de comer- meio esticado?
Não, não sou eu.
A essa hora eu já estou no trabalho.
Nem queira saber onde.
Só digo que é bem longe dali.
Ah, para chegar até ele é muita condução!
Às vezes fico até zonzo.
Sumiriam-me as pernas se tivesse que ir andando.
Santo Deus!!
Até suou-me estremecido todo o corpo.
Esqueça o ponto marrom, ele já está com a vida ganha,
ou melhor está a caminho... ganhando.
Ao menos ele já sabe o que ele é,
ele é alguma coisa...
Sabe uma coisa que eu sei de mim?
Sei que eu tenho muita imaginação.
Isso é até bom, não é?!
Mas já imaginei tudo o que eu tinha para imaginar.
Parei, ou melhor, cansei. De imaginar, claro!
Agora eu quero ser.
Não um ponto marrom parado num sinal,
isso eu já sou.
Eu quero ser tudo o que eu quiser ser,
alguma coisa, algumas coisas,
não uma droga qualquer...
Ser eu,
ser enxergado como eu,
não como o que você quer.
Dois braços finos,
duas pernas compridas,
barriga meio cheia, meio vazia.
Uma cabeça um pouco grande,
com ideias, sonhos, maiores que ela.
E um coração com batidas fortes,
que seguem no ritmo do tango da vida, sim, do tango.
Pois não é a vida como aqueles passos rápidos
e fortes e violentos, que tem essa dança?
Bem, é uma comparação.
Sorte sua, se a tua é uma vida calma que segue ao som de valsa...
E cheio de amor, muito amor.
Pra dar para quem comigo anda,
para quem comigo mora
e para quem eu encontro vida à fora.
E para mim mesmo, pois não,
seria bem louco se saísse por aí dando a tudo e a todos e não guardasse um pouco pra mim...

Um comentário: