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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Um João Que Eu Conheci.

Longe de onde estou.
Não tão longe assim,
Estão meus pensamentos.
Num outro país,
Numa outra região,
Num outro estado,
Numa outra cidade.
Nem mesmo sei dos nomes,
Direção, estado, beleza,
Nada. 
Além do que meus pensamentos
Me fazem acreditar que é.
O que de fato é. 
Fujo daqui, fujo das pessoas,
Das coisas.
Fujo de mim.
Para quê?
E, de novo, mais uma vez
Retornar.
Que fuga inútil! 

Opa, eu não diria isso
Meu caro. Essa foi,
A maneira que encontrei
Para seguir com essa vida
Vazia.
Sem planos, sem rumo,
Sem prumo.
Bem tola eu,
Desperdiçando vida.
É que não é do meu grado
Agradar o ingrato.

Não vês que,
Todo o mundo é ingrato?
Olha só você:
Nem mesmo pôde pôr teus pés
Numa sala de aula,
Sequer uma vez na vida.

A comida não pode faltar,
Teus irmãos são pequenos,
Teu pai sumiu nesse mundo
De Deus.

(Vê lá, de Deus!
Olha que o diabo ta a um passo
Pra ganhar tudo, isso aqui
E um pouco mais.)

Nem vês que também
Sou pequeno?
Ainda vagueia em mim
A fraqueza,
Meu corpo ainda
Não ganhou força.

Mesmo assim, anda
E vem ajudar tua mãe.
Seja um bom menino.
Ou queres tu
Que teus irmãos morram
De inanição?
Pega essa enxada,
A terra vai nos dar o que comer.

Meu amigo,
Se tu não tivesses
Fugido da seca.
Largado o sertão,
Rumo a essa cidade.
Teria tu, sido devorado
Pela terra, que um dia
Deu-te o que comer.
Teria tu, passado
Sua existência, num pequeno
Pedaço do mundo,
Num pedaço por vezes
Vivo verde.
E, por vezes,
Um verde tão morto
Quanto a esperança e fé tua,
E do povo teu,
Que nesses momentos
Sentiam a pele
Castigada pelo sol forte,
Sentiam a fome
E a sede que penetravam
Violentamente das entranhas,
Até roer todo o íntimo,
Chegando até a alma.
E, principalmente meu amigo,
Se, tu não tivesses tido
Essa súbita coragem,
No princípio da tua juventude,
Largando tudo para trás,
Fugido do sertão.
Não teria à mim
O destino lhe trazido.

E de volta á mim,
Dessas tantas viagens
Imaginárias.
Reorganizo as ideias
Acalmo os sentimentos
E superficialmente
De volta às pessoas,
Às coisas,
Mais uma vez, e de novo,
Volto para minha solidão.
Cantarolo uma canção,
Abro a janela,
Observo la fora,
Na rua meio vazia.
E, volto por fim,
Para minha existência,
Que às vezes engano
Ou me engano
Chamando de vida.


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